26.3.06

Despropósito

O primeiro "post" ... Porque sou assim. E isso pode ser mais um capricho meu como muitos outros: talvez empolgação pra depois deixar esquecido. Bem não custa nada tentar. Aqui vou sem nenhum propósito. Venha o que vier, pois então
Sempre gostei de brincar com padrões e misturas. E pode ser através de qualquer meio: o próprio papel em que misturo tantas e inúmeras palavras, algumas composições sem sentido. Despropósito.
Percebo que todo aquele desleixo sempre esteve organizado, de forma caótica, mas organizado, em cubículos cartesianos dentro de mim e que só através de palavras se descompactam e viram construções inverossímeis: porque a alma fervilha e pede para descompactar tudo e retransformá-lo em palavras. Algo que não entendo enquanto faço a tal mistura. De repente, está ali: imponente, quase a me devorar como a tal esfinge. E todas as letras e monossílabos são guardados e esquecidos dentro de algum livro. Faço questão de esquecê-los e perdê-los. Tenho medo daquilo que construí: parece um cortiço de ruas imundas e sujas, com direito a roupas íntimas expostas nas janelas de casas que outrora foram sobrados nobres, com janelas cheias de entalhes, enfeites de cumeeira, que com o tempo foram apodrecendo, perdendo seus detalhes e sua beleza. Vejo paredes expostas, com seus tijolos cozidos e que um dia foram crus: o reboco da casa forte tinha caído.
Mas o que se perde no físico fica consciente.
Onde estão os monstros medonhos e repugnantes?
- Anéncéfalos e ciclopes, aqui vou eu!
E me lanço na mais fina fresta em busca desenfreada da chave perdida. Onde estará meu Shangri-lá ?
Tudo vira alquimia. Pois é mistura medida, mesmo inconsciente. Animismo? Feitiçaria?
Não sei...- (num dos intermináveis sussuros e suspiros ressonantes).
Encontro a água transparente.
Numa de minhas caixas, vejo tintas e aquarelas perdidas. Escolho um tubo: talvez o azul ultramarino?
- Não! Hoje eu quero o preto.
E numa felicidade tranqüila, vejo o que é transparente enturvecer mansamente.